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É tão simples para quem não tem sentimentos destruir as esperanças de quem sonha.



Criei esse blog no ano de 2009, já usava outras plataformas desde meus 13 anos, porém com a mudança diária de layouts e páginas mais atualizadas decidi migrar para o blogger e aqui fiquei.
Escrever sempre me salvou da bagunça mental, sempre comentei aqui que minha cabeça pensava muitas coisas, não entendia o motivo, mas sabia que ela tinha um modo de ver diferente das outras pessoas.
No meu primeiro emprego, lembro de ficar parada olhando para lugar nenhum durante horas e meu pensamento simplesmente voava em lugares, situações, possibilidades e até criava histórias inventadas. Comecei a escrever tudo que pensava, chegava em casa e passava para o blog e ali comecei a perceber que era a forma mais sadia de fazer uma auto analise de mim.
Quando vim para São Paulo o tempo não me permitia parar muito para escrever e quando, aos 7 meses de gestação, entrei em licença e dei início (pode soar ruim para muitos) a pior fase da minha vida (um dia escreverei sobre isso), achei que ao fim da gravidez seria melhor, pois, era a esperança que eu tinha, acabou sendo ainda pior. Me encontrava em tristeza profunda, não entendia, amava meu filho mas não estava feliz e muitos diziam que eu só precisava trabalhar para ocupar minha cabeça.
Quando meu sexto sentido feminino me disse que algo estava errado, descobri que fui traída pelo meu companheiro e reuni forças para agir da melhor forma possível. Fui criticada por muitos, por ter decidido não voltar para casa dos meus pais, mas meu orgulho não deixou.
Após reunir toda família e expor o acontecimento, comuniquei que não deveria haver uma segunda reconciliação. De fato, depois desse acontecimento só me tornei mais fria.
Soava estranho voltar para casa dos meus pais com um filho, nenhuma formação e deixar o pai da criança sozinho, pagando uma mera pensão, solteiro e sem responsabilidades. Decidi ficar, pois era a forma mais sensata de agir para que ele amadurecesse.
Depois disso não tenho grandes coisas a contar, afinal, não me arrependo da decisão que tomei, mas não se pode mudar muito a essência de uma pessoa.
Vamos voltar a falar de mim, afinal, é o que me interessa e quem sou eu para julgar o jeito de ser de outras pessoas?
Hoje ouvi: "Você tem uma visão política anarquista, sua visão sobre religião é errada, suas idéias não batem com as minhas...". Ouvi também, algumas coisas que me deixaram muito triste, coisas que algumas pessoas fracas de espírito dizem para te atingir e hoje não me atingiram, mas me entristeceram por me levarem a reflexão da situação como um todo.
Eu era uma menina quando engravidei, tinha muitos conflitos, vivia sem entender muito bem aquela bagunça da minha cabeça, vivia me erguendo de caindo em tristezas com frequência, mas enfim, pelo menos consegui chegar até aqui, mesmo com sequelas na alma.
Releio as vezes as coisas que escrevi aqui, pois textos que escrevia antes eram carregados de emoção, chorava na maioria das vezes em que sentava em frente ao computador para escrever, eles eram carregados de mim, das coisas que acreditava e dos sonhos que tinha.
Eu sonhava em casar, ter filhos, ter a minha vida feliz com alguém que amasse etc...
Depois de tudo que aconteceu na minha vida, pouco restou dessa menina que escrevia aqui. As vezes eu tento procurá la dentro de mim lendo os textos, ouvindo as músicas que gostava na época mas quando faço isso eu só consigo chorar.
Ainda fico parada olhando para o nada e pensando na vida, mas tento não me deter a fazer isso por muito tempo, caso contrário, as lágrimas caem.
Descobri a pouco tempo que tenho TDAH, para quem não conhece, Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade, fui diagnosticada com o tipo Misto/Combinado. Esse diagnóstico explicou muita coisa na minha vida da infância até a adolescência e a forma com que eu tinha tanta dificuldade em me organizar na vida depois de mãe e como esqueço das coisas mais absurdas.
Eu já estava acostumada de ouvir como eu era irresponsável, esquecida, que não tinha comprometimento, que não prestava a atenção em nada, que não sabia me organizar e que nunca terminava nada que começava, achava que essas coisas eram defeitos meus e que sempre seria assim.
Mas agora, que descobri a causa de tudo isso, as palavras que vem em minha direção para me atingirem são ditas de outra forma, sou a doente que precisa de tratamento, a pessoa que não desperta admiração.
Quem diria que beirando apenas os 23 anos estaria reavaliando minha vida, pois, nessa mesma idade a pessoa que me direcionou as palavras inúteis estava usando drogas e curtindo a vida sem ao menos trabalhar. Não quero que soe prepotência, mas, ainda bem que no decorrer da vida cheguei até aqui e tenho as idéias "revolucionárias" que tenho atualmente. Só lamento eu ter perdido no meio do caminho aquele coração aberto. O ser humano se modifica aos poucos por proteção, por conhecer novas idéias ou pelo medo, comigo teve de ser rapidamente e por tudo.
Espero um dia voltar a me apaixonar, pelo menos, não ser tão desacreditada das pessoas, ainda estou esperando alguém que me faça perder o chão, que me admire, que me transmita confiança, me faça engolir a frase clichê de que homens são todos iguais, que me respeite, não precisa ter as mesmas idéias que eu, mas que compreenda pq eu as tenho e me ajude a voltar a ser aquela menina que eu era.
Escrevo aqui hoje e não tenho uma conclusão sobre esse texto, escrevi apenas para tentar me sentir melhor.

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